quando comecei a me locomover em São Paulo com bicicleta + transporte público

De fato, muitos motoristas de carro não respeitam a bicicleta, São Paulo é uma cidade hostil e as ladeiras de Perdizes são um problema. Também senti medo em boa parte do trajeto da eBike Store, pertinho de casa, até a Casa da Cultura Digital (CCD). Mas lembrei bastante de quanto medo senti da primeira vez que saí dirigindo um carro por São Paulo sozinha, indo do Parque Edu Chaves, no extremo nordeste da cidade, até o Jardim Bonfiglioli. Nunca fui uma rezadeira tão fervorosa como no trajeto motorizado cruzando Fernão Dias, Dutra, marginais e Raposo Tavares. Só rezando dei conta de me acostumar com o carro, o trânsito e minhas barberagens que, vamos combinar, não mudaram muito desde que tirei carta.

No trajeto de hoje, além de rezar mais que nos últimos três anos, recebi muitos sorrisos e comentários de apoio nas hostis avenidas Sumaré, Francisco Matarazzo e São João. Mais até que quando a barriga de grávida estava estourando e eu saia caminhando por aí. Dois meninos, de uns 20 anos, tiraram sarro de mim perto do West Plaza, rindo bem alto. “Gostaram?” eu gritei quando já não estava tão perto. “Não”, eles responderam rindo. “Que pena”, eu também ri. Dá pra entender os dois! Não é muito “normal” ver uma bicicleta laranja, que parece de criança, carregando uma gordinha de saia, capacete e cara de susto. Mas algumas pedaladas antes recebi um sorrisão acolhedor de um motoqueiro que me deu passagem, e outros cinco ou seis sorrisos solidários de homens e mulheres na Sumaré. E algumas pedaladas depois, uma senhora, que devia ter mais de 70 anos, fez sinal para eu parar e disparou várias perguntas: “Essa bicicleta é elétrica? É difícil de pedalar? Custou caro?” Ela me deu parabéns, disse que eu era linda e que combinava com uma bicicleta tão bela. E terminou: “Numa dessa acho que eu consigo. Aquela altona me dá medo de cair. Nessa dá pra por o pé no chão”. Nos despedimos felizes, e quando virei pra trás, depois de pedalar um pouco, ela tinha virado pra espiar também. Já na loja tinha pensado que o nome da bike era Bela ( Marcella Chartier, Luciana Scuarcialupi e Lia Coldbelli vão entender o motivo mais que ninguém 😉 , e nessa conversa o Bela ficou cravado de vez!

Chegando à CCD, a querida Liane Lira tirou a foto que postei no facebook e teve comentários e curtidas d@s amiguinh@s.  Mais incentivo e solidariedade acolhedores 🙂

De noite, saindo da CCD, estava garoando. Eu nunca tinha dobrado a bike, só tinha visto o Ricardo, que me atendeu tão bem na eBike Store, fazer isso uma vez. Pedalei até a Pacaembu, parei no ponto de ônibus na esquina com a Cândido Espinheira, e inicei a missão dobrar. As três pessoas que estavam no ponto vieram ajudar. No meio do processo, mais confuso e divertido a oito mãos, passou o Ana Rosa que sobe a Cardoso e as pessoas insistiram pra eu subir com elas e a Bela montada. Não! Agradeci bastante, disse que ia dar certo e que pegava o próximo. Um segundo depois chegou outro moço oferecendo ajuda, mais dois segundos e a Bela estava dobradinha 🙂 Logo o ônibus passou e eu, desajeitada até o úrtimo, contei com a paciência do motorista e do cobrador. Poucos minutos depois eu já estava montando a pequena pra pedalar mais um quarteirão até em casa.

Descobri que minha resistência física não é baixa. Eu simplesmente não tenho resistência alguma! Suei, cansei a valer e há uma hora a perna direita doiiiiia. Mas o óleo de arnica resolveu e eu tô TÃO, TÃO feliz!

12 comentários em “quando comecei a me locomover em São Paulo com bicicleta + transporte público

  1. Adorei seu relato, Bibi!

    Eu tb estou usando bastante a bike, não troquei por carro pq não tenho carro, e já conclui que não o terei!

    O busu e a bike, para mim, morando na Vila Madalena, bastam!

    Beijocas! Vc precisa arrumar uma dessa: http://www.biketotaal.nl/catalogus/producten/48088/Aanhangers/41790/fietskar-Instep-Sierra-compleet-limegroen-voor-2-kinderen dá para levar dois meninos bonitos ali, até o dia em que eles aprenderem a pedalar a bike deles!

  2. Com este sorrisão tudo fica mais lindo. Sorte com a nova companheira, Belinha, que vai te trazer um monte de delicadeza!

  3. Por incrível que pareça os medos e desafios enfrentados por você Bi, numa big metrópole, como São Paulo, não estão tão distantes daqueles enfrentados por ciclistas de cidades como João Pessoa, capital paraibana com a “vantagem” de uma orla marítima e de uma ciclovia de algumas centenas de quilômetros, mais utilizada por turistas e praticantes de atividades físicas. Infelizmente, para a locomoção de bike até o centro e as principais avenidas de João Pessoa, ainda temos que disputar espaço com carros, ônibus, caminhões, em vias estreitas construídas em uma cidade que não sabia que iria crescer tanto. A capital paraibana vive, assim como outras cidades, um boom de sua frota de veículos. Com uma população que ainda não chegou aos 900 mil, já temos uma frota de mais de 700 mil veículos e o número não para de crescer. Uma lugar que antes não conhecia os problemas das grandes cidades, hoje já vive engarramentos e sofre com a mobilidade urbana ainda não suficiente. Eu mesma, que deveria levar 10 minutos para ir do trabalho para casa, já cheguei a passar mais de 1h no mesmo trajeto. As “magrelas” seriam sim uma grande opção, mas além da coragem de vencer a preguiça, e mais investimento em ciclovias e reorganização urbana o que precisamos é acima de tudo educação e bom senso daqueles que de uma forma ou de outra fazem parte do trânsito. Não falo apenas dos motoristas e até dos próprios ciclistas, mas também dos pedestres, que aqui em João Pessoa, mesmo com um calcadão imenso e uma pista fechada para o tráfego de carros, ainda teimam em andar na pequena ciclovia que deve ter no máximo uns 3m de largura; com espaço apenas para uma bike indo e outra voltando…. Cheguei a ouvir de um destes pedestres, quando reclamei, que andar na ciclovia era melhor porque o tênis não escorregava… Talvez, o mesmo só mude de ideia, quando, infelizmente, ao invés de um tombo, ele provocar e se envolver em um acidente bem mais grave…

    1. Bacana seu relato, Ju! A gente fantasia mesmo que aqui na selva a coisa é mais difícil… Tem grupos organizados de bicicleteiros aí? Você ouviu falar no projeto Cidades paras Pessoas? http://cidadesparapessoas.com.br/
      Saudade!!!!
      Quer que eu mande umas carolinas? 😉
      beijocas

      1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Carolinas são sempre bem-vindas!!!! Acredita que aquelas, nunca chegaram …. 😦 Devo estar indo pra São Paulo passar férias em março ou abril…serão 20 dias…quero conhecer a família viu?? Bjooos Saudades tb!!! Muitassss!!!!

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